domingo, 15 de abril de 2012

A Bela Flor Espancada


(dedicado às mulheres que foram vítmas de violência!)
(Sic!)
Que triste é ver
A bela flor
espancada
Com um hematoma nada belo
sobre o belo olho azul
O sorriso da bela flor espancada
Conta com um dente a menos
Uma atadura envolve o meigo braço e ameno
Da bela flor
A bela flor espancada e agredida
Que morava num jardim
Hoje paira
Mal amada, desamada
e desarmada...
Sentada na calçada
A bela flor mal amada
E de cigarro queimada
Sorri um sorriso doce e amargo
Sonhando com dias mais felizes....

A Mulher Desfrutável



Tudo de puro e de indigno

reside naquela mulher

Metáfora do desejo,

Falácia da felicidade





A cada olhar,

Sempre a promessa de uma nova entrega

Assim é a mulher desfrutável

Mãe da carne e do sangue

E filha imoral do desejo


A mulher desfrutável é vulgar

E despida de qualquer pudor

O sentimento no coração dela,

mulher

É rançoso e fulgaz!

A Mulher Anônima

 

Não tem rosto.
A mulher anônima também não tem nome.
Seu sorriso caiado possui um falso glamour
Que esconde a vergonha e a tristeza.
O Corpo da mulher anônima é um templo inviolável
De beleza plástica moldada e curvilínea,
Onde habitam o prazer lascívio e o desencanto
Para uns, ser desprezível
Para outros, acalanto
É mesmo assim a mulher anônima:


Fonte de prazer, culpa pagã e desencanto.
Os hipócritas que se saciam
Da força do corpo e do sangue da mulher anônima
São os mesmos que a vilipendiam, escarram e execram
Com seus princípios morais.
Autoridades, religiosos, chefes de família;
Ricos e pobres
Pretos, Brancos, Amarelos e mestiços;
Todos homens de bem arfam
Sob o corpo imprestável da mulher sem rosto
Que nem chora, nem ri
e nem demonstra gosto
nem mesmo asco
por ser o repositório infiel jorrado e nojento.
A mulher sem nome, sem rosto e de sorriso caiado e fácil
É uma dádiva fulgaz, Um anjo caído
Neste mundo traído
Por seus princípios morais.

A Mulher Amarga

Mulher amarga

Muito amarga

Tão amarga e seca.

Não sabe reconhecer o amor.

Teve seus sonhos roubados.


A mulher amarga nem sabe ao certo chorar.

Acorda, vive e dorme sem sequer sonhar.

Para viver o outro dia igual.

Sem sentir, sem gozar.


O útero da mulher amarga não chora, não deseja.

A boca da mulher amarga não beija e nem sorri

O rosto da mulher amarga

Guarda marcas, guarda mágoas

Sob a forma de sulcos profundos


O sorriso dela, mulher amarga é invertido.

Naquela mente o amor é só uma palavra sem significado


Como gostaria de salvar o coração da mulher amarga

Que disfarça suas amarguras sob o manto urbano da retidão

Que não chora e não ri...

não esboça qualquer reação!

Ensiná-la-ia a amar e amar.


Quero ajudar a mulher amarga

A resgatar sua doçura
seu viço
seu riso...

A mulher sensível

Duas lágrimas caem dos olhos da mulher sensível
O rosto dela, mulher, cora e empalidece
A mulher sensível tem um ‘quê’ de santa
Traz consigo o benefício da dúvida
Traz também a crença no amor

Ser magnífico e imcompreendido
 A mulher sensível é assim
Carrega o peso da sensibilidade
Em seu ser!

Naquele momento

talvez você não acredite
mas me apaixonei
pelo seu primeiro sorriso
Aquele olhar
Foi o prenúncio
do encontro de almas afins
Naquele dia...
Me destruí
Me reerguei
Ressuscitei
Naquele dia...
o tempo parou
Parou também a dor
Foi incrível
Indescritível

Ainda hoje,
lembro-me
da boca linda que beijei....
que degustei

Magia
Não resisti
Desisti
Me rendi

Ainda sonho com você
Ainda me pego
a sonhar acordado
contigo
Sinto-me
Desarmado
Desalmado
Desamado
perdoe-me
Se perdi você
Se aquele momento se apagou
Se aquela imagem se dissolveu
Se aquele EU se dissipou
Se distanciou....

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

1/4 Escuro

(Com a minha amiga Ana Virgínia Queiróz)

Queria gritar
Mas a voz não saiu...
No escuro,
com medo fiquei

Tentei correr
Paralisia
Tentei chorar
Sorria

O temor se apoderou
Entorpeceu
Silenciou
Nem ternura senti

Nem feio, nem branco
Nem fraco, nem franco

Tudo que sentia
Era o medo
Medo....
Indiferença

Foi então que notei
Uma fresta
Um resto de
rastro de luz

Acalanto senti
Sorvi
O gosto bom sol
Na tez

Ali, feliz
No canto do quarto
Cantei...
Dormi!

Sonhei, embalado
mas antes sorri...
um sorriso sereno e brando
como aqueles da minha infância

reflexo da paz e da crença
de que um novo dia trazia consigo
a esperança e a fortaleza
para o enfrentamento de minhas sombras....

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Tiros

Se tudo for um sonho
Não quero mais acordar
Quantas vezes terei que fugir
pra poder voar

Sempre foi assim
Só você que não viu
E agora eu tenho que pagar
Pelos tiros que você desferiu

Meu corpo jaz
Pesado no solo
Você me matou
E eu nem mesmo sangrei

Vejo o mundo com outros olhos
Não mais com os mesmos olhos
Com que tanto chorei

Se tudo for um sonho
Não quero mais acordar
Quero dividir meu eu
Quero viajar


Sempre foi assim
Só você que não viu
E agora eu tenho que pagar
Pelos tiros que você desferiu

Meu corpo jaz
Pesado no solo
Você me matou
E eu nem mesmo sangrei

Vejo o mundo com outros olhos
Não mais com os mesmos olhos
Com que tanto chorei

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Visagem

Cruzei o oceano
Desci do céu
Perdi os meus poderes
Me apaixonei
Agora não sou nada
Não sou ninguém
Não sou

Sonhei
Cavalguei moinhos
Me perdi
Lutei com harpias
Flagelei minha carne
Agora já nem sei
Fui longe demais

Sorri
Chorei
Gozei
Perdi
Ganhei

Mas quando vi tua imagem nua...
Visagem
Paisagem
Amei...
Pensei bobagem
Me inspirei


Quarei minha boca
Limpei meus olhos
Reverenciei
Me entreguei...

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Quando eu for embora

Quando eu for embora
Não sinta saudades
Apenas se lembre a intensidade
Com que vivi os dias

Se eu não estiver mais aqui
Não pense nos sonhos que não realizei
Apenas se concentre
nas alegrias que encontrei

Não se lembre da lágrima
do cenho franzido
e nem dos distantes dias
sombrios e difíceis

Não se lembre da minha rudeza
Das minhas fraquezas
Nem da franqueza desnecessária
Nem carne falha
Nem dos dias hostis

Lembre-se apenas do meu coração
e do amor infinito que senti
da sensibilidade escondida
e de como sanei as velhas feridas abertas

Lembre-se da canção
entoadas nas notas do violão
da paixão por ti e pelos filhos
da alegria
do riso
e dos tantos amigos andarilhos
que pela vida espalhei

Lembre-se das noites serenas
das tardes amenas
dos dias de sol
das alvoradas de chuva

Acima de tudo
Quando eu for embora
Quando não mais aqui estiver
Não sinta saudades

Ria, demonstre alegria e felicidade
pela grata oportunidade
que tivemos
de passar por esta vida juntos

(Bilmar Angelis)